Marcos Aurelio

Olá, sou Marcos Aurélio e trabalho com ilustração profissional desde 1991!

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Desenhar nunca mais!

Desenhar nunca mais!

Será que a performance de artistas visuais pode afastar alguém do ato de desenhar?

Quando fiz o vídeo de produção do pôster de cinema do filme Iron Man usando giz escolar as intensões eram para mostrar as possibilidades de um material extremamente simples que  oferece qualidade de acabamento e ao mesmo tempo demonstrar os estágios de ilustrar com essa técnica.

Porém, após publicar o vídeo surgiu uma certa preocupação referente ao quanto aquele vídeo poderia intimidar ou atrapalhar quem queira buscar no desenho uma forma de iniciar sua expressão artística.

Explico:

É muito comum haver confusão entre desenhar e aplicar técnica de acabamento.

Quando finalizo aplicando acabamentos, independente da técnica artística que estou usando, é comum ouvir elogios do tipo “nossa, você desenha muito!”, “nossa, como você desenha bem!”, “ Nossa…”.

Sem e com acabamento.

Aplicar técnicas de acabamento não está ligado necessariamente ao ato de desenhar e vice-versa.

Nos quadrinhos os créditos que identificam os membros da equipe que produziram a história nos informa os responsáveis pelo texto, pelos desenhos e pelo acabamento da arte que podem ser os traços a nanquim ou a colorização.

Comentei isso ao falar sobre o Tony DeZuniga no post sobre Conan e essa divisão de tarefas ocorre para agilizar a produção além do fato que os próprios artistas tem a nocão de quais são suas especialidades.

A linguagem do desenho é poderosa e depende do propósito para seu uso a possibilidade de receber ou não o acabamento.

Veja bem, a ilustração, comercial ou não,  é o reforço visual para uma explicação e é produzida nas mais diversas formas, estilos, técnicas e grau de dificuldade.

Logo, se você fizer um mapa com cinco linhas e sem acabamento para explicar e dar orientação para outra pessoa esse simples desenho ilustrou a informação.

Desenhar não tem nada a ver com fazer acabamento.

O aprendizado de técnicas de acabamento são complementares ao aprendizado das técnicas de desenho.

Quanto mais Técnicas de Acabamento são aprendidas e PRATICADAS mais completo e complexo o estudo vai se tornando.

Não paro de tentar e testar possibilidades de acabamento até hoje!

Acontece porém que os não iniciados no desenho ao ver o trabalho todo finalizado não conseguem perceber ou entender o processo usado para se chegar àquele resultado.

É nesse momento que parece surgir um distanciamento, uma intimidação para as chances do observador poder alcançar o mesmo nível de resultado visual.

O interessado ou o já iniciado começa a se COMPARAR!

Compara o que sabe ou o que deveria saber com aquele que já tem experiência e domina uma determinada técnica.

Essa possível intimidação somada ao medo de receber críticas podem ser um impedimento para quem quer começar a desenhar.

Certa vez ouvi de um amigo uma história contada mais ou menos assim:

Ele adorava tocar violão e queria aprender com o seu ídolo, com o melhor segundo ele.

Mas quando teve a oportunidade de encontrá-lo pessoalmente e perguntar para o tal músico se ele tinha chances de melhorar sua forma de tocar violão e continuar o aprendizado acabou por ouvir como resposta um imediato e sonoro NÃO!

Tempos depois, já adulto, esse amigo teve outra oportunidade para reencontrar aquele músico.

Relembrou o ocorrido diante daquele que era seu ídolo e completou dizendo que aquela resposta negativa o fizera desistir para nunca mais tocar violão.

Para sua surpresa o tal músico respondeu “Viu como eu tinha razão!”.

Em outra história, não faz muito tempo surgiu um caso nas redes sociais e repercutido por canais de jornalismo sobre uma cantora, membro de uma famosa dupla de cantoras brasileiras, que ironizou em um de seus perfis de rede social para seus milhares de fãs e seguidores o retrato feito a mão e enviado por uma de suas fãs.

O grande problema é que a fã responsável pela obra, disse ter ficado muito tempo sem desenhar e que se sentiu motivada e inspirada para retomar a prática justamente para poder assim homenagear a cantora, e que após o ocorrido lamentou em sua rede social sua decepção e, imagino, pode ser que tenha interrompido novamente a prática de desenhar.

Mas como o ato de desenhar é expressivo e prazeroso acredito que ela tenha superado aquele fato e que inclusive tenha tirado um aprendizado daquela experiência.

Críticas externas ocorrem a todo momento pois desenhar deixa exposto tanto o desenho quanto quem desenha.

Não dá para cobrir com o braço impedindo alguém de olhar.

Ambos, desenho e desenhista, tornam-se alvo de considerações, opiniões e comentários vindos de toda a parte sem que sejam solicitados.

Faz parte do pacote que é o de estar exposto.

Se tais situações serão positivas ou negativas nunca se sabe pois a reação após ouvi-las é algo pessoal e intransferível.

Alguns podem se sentir magoados e prontos para desistir enquanto outros muito mais motivados a continuar.

 A solução é e sempre será a de aprender com a EXPERIÊNCIA.

Justamente a falta dela pode ser danosa para o iniciante pela possibilidade de ficar intimidado com tudo o que é externo à sua pessoa:

Alguém que desenha mais rápido, alguém que não se intimida na presença de pessoas observando, as artes finalizadas com maestria por artistas, a ironia de curiosos, a crítica feita por seu ídolo …qualquer coisa pode ser motivo para quem está começando ou quer começar desistir ou sentir-se sem aptidão para continuar.

A má notícia é que essas situações e muitas outras ocorrerão para sempre.

Já ouviu falar de crítico de arte? Pois é!

Vivemos atualmente o melhor momento da humanidade em termos de acesso à informações.

Assim, com essa vasta oferta cultural uma das coisas que podemos ver são os infinitos vídeos de artistas mostrando seus trabalhos em fotos e vídeos.

Os chamados vídeos Time Lapse, onde um vídeo acelerado mostra algo em evolução, viraram uma febre, até eu fiz um(!), e o que mais se vê nessas performances são os artistas produzindo belíssimos acabamentos, finalização de artes com padrão realista e alguns com qualidade fotográfica.

Para mim as melhores são as que focam mais na construção do desenho base, no desenvolvimento de sua estrutura, na elaboração detalhada do seu conceito para depois dar início ao acabamento.

Nesse momento eu digo “Nossa, como ele desenha bem!”.

Certa vez quis ministrar um curso via Skype e a arte de propaganda que usei para tal possuía o texto convite e alguns esboços.

Nenhum deles estavam finalizados, eram apenas esboços bem definidos.

Após a divulgação eu recebi na época um comentário que voltou à minha mente logo após postar o vídeo do Iron Man.

Era mais ou menos dessa forma:

“Nossa, esse é o curso? Nem vou tentar pois jamais desenharei assim.”

Se aqueles esboços puderam causar uma certa intimidação seria possível então que minha performance Time Lapse, por não mostrar etapas da idealização, construção e definição das linhas de desenho mas somente a evolução do acabamento poderia causar o mesmo tipo de barreira em alguém?

Sei que não é tão difícil surgir, numa certa forma e num certo nível, a intimidação quando vemos alguém fazer algo que para nós requer talento ou muita prática.

Independente do seu estágio de aprendizado ou nível profissional que possua sempre existe a possibilidade de nos deparamos com situações em que outras pessoas conseguiram êxito em tarefas que para nós, a primeira vista, eram extremamente difíceis ou inalcançáveis.

Já me peguei com as mãos na cabeça e aflito pensando “Como é que esse artista faz isso?”.

Mas uma forma muito tranquilizadora e que me ajuda a manter o foco é procurar ter em mente a pergunta:

O que realmente quero fazer?

Seja com o meu trabalho, na vida social ou com relação à saúde, não importa, sempre uso essa pergunta nos momentos de incerteza.

No caso do meu trabalho, onde tenho que estar atualizado ao máximo, procuro focar no objetivo do estudo e do aprendizado, para qual área minha arte será destinada, qual é o nível de conhecimento e de proficiência que possuo ou deverei ter para determinada técnica.

Ao ver um artista com melhores habilidades em técnicas que não domino também penso se ao tentar alcançar o mesmo nível de performance “dele” isso trará valor significativo para o trabalho que já realizo ou para o orgulho pessoal?

Evitar comparações é extremamente necessário para que a atenção fique voltada para o desenvolvimento das habilidades, para o estudo dos fundamentos.

Você precisa APRENDER primeiro para depois começar a CRIAR!

Mas, e quando não se sabe o que fazer ou por onde começar?

Sonhei com minha vó contando que ouvira da avó dela a frase “a pressa é inimiga de um desenho bem feito!”.

Em qualquer modalidade sempre comece pelo básico, pelos fundamentos e aos poucos o progresso irá se apresentar e o guiará para diferentes possibilidades de aplicação do aprendizado adquirido.

Desenhar pode ser para lazer, para terapia,  como ferramenta ou parte do arsenal criativo de um profissional de qualquer área, para ser a base de qualquer forma de acabamento que se escolha utilizar.

De forma comparativa o Desenho é o fundamental e o Acabamento a especialização

O Desenho é um guia visual para os olhos para ser interpretado pelo cérebro.

Simples assim.

Depois de entender os fundamentos básicos do desenho você estará apto para explorar as técnicas ou uma técnica em particular que o faça se sentir mais a vontade, inclusive o próprio acabamento e sombreamentos feitos com o lápis.

Quanto àquele meu amigo, fiquei sabendo tempos depois que ele voltou a tocar violão com muita satisfação.

Espero que aquela moça desenhista tenha voltado a desenhar com satisfação, experiência e alegria usando essa incrível linguagem do desenho.

Vou continuar a preparar mais vídeos de performance mas procurando abraçar com maior intensidade a informação didática neles contida.

Os comentários, críticas e sugestões serão o meu termômetro .

Se chegou até aqui nessa leitura um Muito Obrigado, desenhe bastante e Sucesso para você!!

Ah, esse é o link do tal Iron Man que tanto falei nesse post:

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