Marcos Aurelio

Olá, sou Marcos Aurélio e trabalho com ilustração profissional desde 1991!

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Ao mestre com carinho

Ao mestre com carinho

É muito fácil falar sobre criatividade, mostrar ações criativas, fazer uso do processo criativo, aplicar práticas criativas, mostrar criatividade em situações adversas…bla bla bla.

Me desculpe a rispidez ou exageros na introdução inicial deste texto mas alé de estar muito emocionado pela perda recente de uma pessoa muito importante na minha carreira  reconheço que é realmente fácil falar sobre o assunto criatividade quando já venho fazendo isso há mais de 40 anos .

Tenho o hábito de fazer uso criativo para diversas situações por estar com a mente livre de amarras ou bloqueios – pelo menos trabalho para me manter assim – mas o que mais insisto em divulgar é a necessidade de aculturar-se e , usar referências(visuais ou intelectuais), praticar leituras diversas(como dizem os publicitários, ler de Nietche à Blogs de fofocas).

Acredito que quanto maior for o acúmulo de cultura e informação maiores serão os recursos disponíveis em sua mente para serem utilizados direta ou indiretamente, como fonte de inspiração ou de orientação em várias necessidades do dia a dia.

Muito bem, mas qual seria o exemplo de referência que pode ser usado?

Qual o exemplo cultural e prático que posso citar para que você acredite no que estou tentando explicar?

Um nome basta para isso:

Daniel Azulay!

Não sei se esse nome é familiar para você mas muito s da minha geração conheceram esse artista pleno que apresentava-se em seu próprio programa infantil matinal, a Turma do Lambe Lambe, com uma avalanche criativa de atividades para alegria das crianças .

Suas iniciativas visuais iam de pinturas mágicas ( que fui descobrir mais tarde ser o uso do chamado “chroma key” onde a tinta azul que ia sendo pintada aos poucos por ele sobre uma tela e que na edição do vídeo a cor era trocada por uma imagem que ia aparecendo a medida que mais área de tela ia sendo pintada, simples mas extremamente mágico para quem via uma imagem aparecendo instantaneamente aos poucos na tela de televisão de casa), construção de objetos e brinquedos com sucata antes mesmo das palavras reciclagem e sustentabilidade tornarem-se populares, dicas de desenho e criação de personagens, músicas temáticas de seus próprios personagens e várias outras atividades que ele achasse pertinente ao programa.

O que qualquer suposto influenciador de artes tenta fazer hoje em dia,Daniel Azulay já o fazia e pelos resultados das gerações que consumiram sua cultura percebe-se que ele era O verdadeiro Influenciador de verdade e pioneiro que mudou a vida de várias pessoas para as artes e uso criativo do próprio tempo.

A quantidade de informações que apareciam na minha televisão, que por sorte já era colorida, resultava em estímulo empolgante apresentado por uma pessoa extremamente carismática e que mostrava como era fácil fazer coisas incríveis, divertidas e educativas usando praticamente qualquer coisa.

Imagina uma criança chamada Marcos Aurelio que adorava desenhar e vendo na sua televisão um carinha extremamente simpático e comunicativo mostrando o que era possível fazer com desenhos, recorte e colagem de materiais diversos, uso criativo de tintas e pinturas…ahh, eu ficava nas nuvens de alegria procurando por  materiais pela casa motivado querendo começar a fazer arte também.

Como mencionei no post “Tesoura, cola e chave de fenda” eu já gostava de praticar atividades ao estilo faça você mesmo e a Turma do Lambe Lambe foi o estopim que abriu mais portas criativas para expressar meus desejos criativos.

Daniel Azulay foi sempre sinônimo de criatividade e inventividade e mostrando o caminho para a execução de qualquer possibilidade visual.

Na verdade, durante o programa via-se que desenhar era só um detalhe.

Ele sempre mostrou a importância educativa que atividades visuais tinham e compartilhava uma quantidade enorme de dicas, informações, sugestões e pequenos conceitos até de segurança para crianças que assistiam ao seu programa.

Era recorrente ouvir “crianças, não usem facas afiadas para cortar isopor”, e era comum eu ouvir de minha mãe “ cadê a faca de pão Marcos”.

Fazendo uma análise agora lembrando daquela época vejo que suas apresentações criativas eram baseado em alegria e brincadeiras mas com uma essência bem definido em cada atividade que visavam entreter, ensinar e passar a cultura de que momentos felizes podem ser criados por nós mesmos.

Eu podia desligar-me da realidade para ver mágicas sendo feitas com objetos improváveis e de bônus ganhar conhecimento e aprendizado.

No dia a dia do programa ele usava diversos materiais e o isopor era extremamente utilizado  na construção de diversos itens e na falta dele, que ocorria na maioria das vezes, eu usava o que tinha a mão com  minha pressa e necessidade impulsionando o improviso para assim tentar produzir a atividade do dia o mais próximo possível da proposta apresentada pelo artista.

Pois é, nem sempre ficava igual ou sequer parecido mas era muito divertido acompanhar e realizar as atividades.

Foi desde essa época que passei a pensar que poderia expressar momentos criativos em qualquer forma, com qualquer material e em qualquer mídia.

Antes de mais nada, criatividade é PENSAMENTO SEM CENSURA.

Essa ideia já é extremamente suficiente para fazer qualquer coisa mas somado a ele outro item importante é pura manifestação da criatividade: fazer uso de combinações.

Foi vendo os programas da Turma do Lambe Lambe que fui entendendo e aprendendo a combinar materiais diferentes, propostas diferentes, ideias diferentes para gerar resultados, respostas e soluções para necessidades e desejos chamados no final de experiências criativas.

Daniel Azulay era assim desenvolvendo temas variados, apresentando recursos e materiais variados sem importar-se com algum tipo de limite que pudesse interromper seu fluxo criativo e apresentar propotas práticas que resultavam em alegria e satisfação para que estava no mundo real pois como todo ídolo ele era como um personagem, um herói que surgia todas a manhãs para me conduzir a um mundo mágico paralelo à minha realidade.

E acende-se aqui a questão da necessidade de querer criar, querer fazer, querer executar.

A todo momento exercitamos nossas capacidades criativas das formas mais variadas seja tomando um atalho e seguindo por um caminho alternativo nunca usado antes, seja usando um ingrediente incomum em uma receita tradicional ou simplesmente tendo a iniciativa de ler alguma publicação com ideias totalmente diferente das suas.

Esse querer torna-se um leve despertar que poderá ser usado para provar e testar possibilidades e aos poucos irá alimentar nosso processo criativo.

No começo disse que durante vários anos venho usando a criatividade mas na verdade fui, por necessidades do trabalho como ilustrador profissional, me permitindo testar, avaliar e praticar diversas opções e que muitas vezes eram radicalmente diferentes do que estava habituado a fazer  mas que foram me ajudando a aplicar entendimentos alterativos e realizar uma diversidade de projetos.

Daniel Azulay marcou minha infância, potencializou minha criatividade e mostrou a beleza da simplicidade e a grandiosidade de pequenas ideias visuais.

Perdi a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente mas para mim sua essência sempre foi tão forte e tão presente que sempre me senti abraçado por seu talento.

Obrigado mestre Daniel Azulay por toda a riqueza que trouxe para minha vida e espero que mais pessoas das gerações mais novas possam conhecer seu vasto trabalho e realizações.

Simplesmente um exemplo de pessoa apaixonada pelo que fazia!

Se você chegou até aqui nessa leitura sinto-me honrado por seu tempo dedicado a essa pequena introdução criativa para um dos melhores profissionais brasileiros que influenciou muita gente.

Obrigado e Sucesso para você!!

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