Copiar, interpretar e inovar
A ilustração comercial esconde, independente da técnica escolhida, diversos processos criativos que foram empregados para o preparo do seu desenho básico inicial e que mais tarde receberá toda as etapas de acabamento.
Basicamente, durante a apreciação de projetos artísticos, o que temos como valor de importância, é o resultado visual que encanta e causa sensações ao espectador e assim não me importo muito em saber, num primeiro momento, qual foi o método utilizado na produção da respectiva obra porém, como sou curioso e pesquisador de como são feitas as coisas, vide minha postagem “Tesoura, cola e chave de fenda” , acabo me interessando por projetos com variados processos criativos, desde a ideia básica até sua finalização.
Nas artes visuais temos recursos que vão do simples copiar a lápis usando-se uma folha translúcida sobre fotografia impressa até as sofisticadas técnicas digitais de performance capture para audiovisuais em que o estúdio especializado em CGI, Computer Graphic Image, faz a captura dos movimentos de um dançarino, exemplo, e os traduzem em dados digitais para um objeto tridimensional nas profundezas do programa de computador que passa a reproduzir os mesmos movimentos de maneira exata e com a possibilidade de ser executada por quantas cópias se queira fazer do objeto.
Em nosso dia a dia, fora o tradicional “copy/paste” na digitação ou o tão falado “comportamento de manada” na vida social temos ao nosso redor resultados oriundos de cópia e repetição para, por exemplo, a produção em larga escala e em série nas linhas de montagem, na singela uniformidade dos pontos feitos no crochê ou máquinas de costura, nos movimentos repetitivos em escritórios que levam funcionários à licenças médicas por causarem problemas musculares ou na prática dos fundamentos artísticos feita de modo repetitivo que garantem nossa proficiência para dominá-los.
Filosofei demais e fugi um pouco do cerne dessa postagem mas para dar ênfase nas ações de “cópia e repetição” para mostrar que estes, presentes e espalhados em nossas práticas, trazem extensas e importantes consequências, positivas ou não, para nossa sociedade.
Minhas atividades como ilustrador profissional tem em seus processos criativos o muito que aprendo interpretando cenas de audiovisuais que uso como modelos de referência para meus exercícios artísticos para aperfeiçoar a prática dos fundamentos de arte.
É interessante notar o quanto ficamos admirados pelas conquistas dos antigos povos que, na sua maioria, procuravam basicamente, devido à suas limitações técnicas, maximizar os poucos recursos disponíveis através da criatividade potencialidade pela necessidade para solucionar problemas.
Senão vejamos, em Machu Pichu no Peru descobriu-se que, não foram os deuses astronautas que fizeram com que as pedras fossem empilhadas milimetricamente para os muros e fortificações que compõem a histórica cidade e sim tempo, paciência, dedicação e uso de um engenhoso e simples sistema de copiar a curvatura e reentrâncias de determinadas rochas, usadas como tijolos de grandes dimensões, para encaixarem-se perfeitamente em outras que eram diferentes no formato(figura).
Existe algo que acontece na ilustração comercial, de maneira mais intensa com o passar do tempo, que é a solicitação para que o ilustrador profissional – possuidor de uma certa flexibilidade e conhecimento de diversos fundamentos – possa emular estilos de outros artistas ou determinado estilo para a produção de sequências de ilustrações solicitadas por determinados clientes.
Isso acontece por que muitas vezes o ilustrador original não está disponível que pode ser por agenda ocupada, saúde comprometida, aposentadoria ou simplesmente não ser economicamente viável para o cliente e assim torna-se necessário encontrar artistas que entendam o estilo solicitado, a partir de amostras fornecidas pelo cliente, para a possibilidade de execução de todo um projeto a partir do estilo de outro artista.
Trabalhando com ilustração comercial para os mais diversos clientes e projetos passei a entender mais facilmente como executar trabalhos que demandassem a emulação de estilos mas sempre cabendo a mim aceitar ou não o compromisso porém, uma vez aceito, a responsabilidade aumenta pois o cliente contará de maneira total em meu trabalho.
Como foram poucos os trabalhos que neguei acabei por desenvolver um método baseado em observação, análise, testes e emulação dos estilos solicitados de maneira rápida e prática e que trouxe ótimos resultados pois sempre consigo encaixar meu estilo naquele solicitado.
Pensando bem, produzi e produzo muitos pedidos de ilustração comercial no padrão “…faça uma arte no estilo dessa da referência” mas cuja a produção nunca me aborreceu ou incomodou pois sempre tive em mente que o objetivo principal da ilustração comercial é o de reforçar visualmente a informação e, acrescento, independente do estilo solicitado. Dessa forma, mantenho o foco e procuro fazer o melhor para seguir as recomendações do solicitante para garantir aprovação do material entregue para o caso de surgirem emendas, que elas sejam mínimas ou inexistentes.
Deixe nos comentários se já fez ou faz uso de desenhos copiados, de forma integral ou parcialmente, para estudar ou produzir suas artes.
Obrigado pela leitura e Sucesso para você!!