Estrutura e linhas
Antes de começar essa leitura ou qualquer uma que fale sobre desenhar, adote como regra a de ter sempre em mãos um lápis macio, 2B ou 4B, para que você possa desenhar o máximo de exemplos possíveis que são apresentados à você.
Essa prática de receber a informação e praticar logo em seguida potencializa sua forma de desenhar.
Muito bem, tanto eu quanto os livros ou cursos de desenho insistimos na importância de primeiro estruturar seu desenho, de usar formas geométricas para facilitar a produção de esboços e de fazer uso de variações das linhas traçadas a lápis.
Veja bem, é tentador começar a “desenhar de primeira” sem linhas ou esboços preliminares.
A não ser que se queira fazer um desenho memorizado, resultante das muitas vezes em que foi desenhado, é extremamente comum para qualquer artista ou ilustrador fazer uso constante das tais linhas auxiliares e que justamente produzem formas básicas iniciais – como cilindros, esferas, pirâmides, cones e cubos – que serão as etapas, as guias, um roteiro porque não, para poder chegar na arte final.
Uma das formas mais fáceis para desenhar é representar o tema escolhido pelo seu perfil ou lateralmente muitas vezes.
É comum ver pessoas que não tem prática em desenhar iniciar um desenho de perfil, frontal ou lateralmente.
É quase que instintivo esse tipo de representação.
Mas devo ressaltar que é também um tipo de desenho muito eficaz e que oferece grandes chances de êxito na representação de qualquer tema.
Tanto é verdade que os homens das cavernas faziam seus desenhos na maioria das vezes com o tema desenhado de perfil.
Isso pode ser visto no documentário A Caverna dos Sonhos Esquecidos que mostra várias imagens ricas em detalhes feitas a mais de vinte mil anos sobre os animais que provavelmente habitavam a região naquela época.
Isso e leva a pensar na escrita egípcia, os hieróglifos, que eram compostas também de diferentes desenhos e em sua maioria de perfil.
O setor técnico sempre fez uso intenso de desenhos representando o perfil de componentes, estruturas, equipamentos, veículos entre outros.
Na indústria automobilística é útil e comum fazer desenhos em escala 1:1 de laterais de veículos para que possam ser feitas medidas e ajustes para uma melhor ergonomia do motorista.
Pode-se dizer que existem basicamente o desenho Linear e o Sólido.
Simplificando, imagine o desenho de perfil – lateral, frontal, traseiro, inferior ou superior – da uma caixa de fósforos fechada.
É uma representação relativamente fácil de desenhar e eficaz por nos apresentar as características dimensionais da caixa de fósforos.
Agora, para podermos entende-la tridimensionalmente, para que possamos percebê-la, senti-la visualmente no espaço que ocupa mas representada na superfície bidimensional do papel recorremos à ferramentas que facilitarão a intenção dessa representação e que são as linhas auxiliares e a perspectiva.
Esta última apresenta-se de várias formas e intensidades mas falarei sobre ela mais a frente.
Essa combinação, linhas auxiliares e perspectiva, nos ajuda a entender a forma no espaço que ocupam, facilitam o entendimento da tridimensionalidade e proporções dos temas.
Deve-se usar o recurso das linhas auxiliares como ferramentas que estão a seu favor facilitando o ato de desenhar.
É importantíssimo praticar o conceito de desenhar a tridimensionalidade o máximo que puder para que tanto a prática quanto o entendimento sejam absorvidos também pela memória muscular tornando-se quase que um movimento automático sua representação.
Numa representação tridimensional, também mostramos linhas do que não é visto justamente para reforçar nosso entendimento da forma e seu volume para que assim possamos obter um resultado melhor e mais realista do desenho mesmo que este não seja sobre algo realista.
Nesse momento a presença do efeito perspectiva torna-se presente e nos ajuda a entender melhor a forma no espaço que ocupa.
A perspectiva ajuda a potencializar o efeito de profundidade do que está sendo representado.
Ah, é importante lembrar que desenhar de memória um tema específico dependerá do quanto você o memorizou caso contrário faça uso de referências para ser fiel aos respectivos detalhes.
No caso dos homens das cavernas não era seguro trazer a referência para perto!
Lembre sempre que as linhas auxiliares ajudam na definição das formas básicas como também na definição dos sólidos e estes por sua vez , combinados entre si, ajudam a compor o desenho.
Conforme o seu entendimento aumenta diminui a quantidade de linhas auxiliares necessárias para desenhar
Agora outro ponto muito importante: as Linhas Valorizadas.
Um desenho feito com linhas uniformes deixam um aspecto monótono e sem intenção.
Leve sempre em consideração a forma que faz o traçado de seus desenhos.
Uma dica importante é fazer variações da espessura das linhas , com mais ou menos pressão, pois assim será possível representar a presença de áreas iluminadas com linhas mais finas e áreas escuras com linhas mais grossas.
Esse recurso chamado de linhas valorizadas é uma maneira de representar volumes dos sólidos de forma simplificada mas bem eficiente.
O desenho linear sem a indicação de luz e sombra é útil no desenho técnico mas no desenho artístico a grande atenção está voltada para a representação de luz e sombra.
Bem, com essas duas ferramenta, a estrutura e linhas valorizadas, sua forma de desenhar vai melhorar e muito na representação dos temas que gosta.
Obrigado por ter chegado até aqui na leitura e Sucesso para você!!