Marcos Aurelio

Olá, sou Marcos Aurélio e trabalho com ilustração profissional desde 1991!

+55 (11) 97294-5255
contato@marcosaurelio.art.br

Edward Van Halen e a lata de café

Edward Van Halen e a lata de café

Deixe-me fazer a introdução desse texto sobre criatividade exemplificando algo que tive que desenvolver para produzir com mais eficiência minhas ilustrações comerciais.

Ainda vou explicar detalhadamente as etapas de desenvolvimento do meu projeto intitulado Cintica Mach1 mas posso dizer que basicamente, através do uso de uma tela LCD sobre uma usada mesa digitalizadora Wacom Intuos3 eu consegui fabricar minha primeira tela interativa caseira.

Foi meu grande amigo Sergio Tawata – além de um dos gênios brasileiros em CGI foi um dos melhores amigos que já tive – que em 2001 apresentou informações sobre o lançamento de uma tal Wacom Cintic, uma tela interativa que permitia desenhar diretamente sobre sua superfície como se fosse uma folha de papel e que até hoje tem no Brasil um valor muito elevado e acima de minhas possibilidades. A Cintica seria sua versão caseira e muito mais barata.

De forma bem simples,  a grande diferença no uso da Cintica é que antes dela o uso da mesa digitalizadora resumia-se a fazer pintura digital de imagens escaneadas e aplivar cor e acabamento com algum programa mas usando a caneta sobre o dispositivo mas olhando o desenho que aparecia na tela do computador sem um controle mais gestual para os traços mas satisfatório para preenchimento.

Um display interativo te permite ver diretamente o que você desenha e é muito mais eficiente e produtivo

Mas com a Cintica em mãos tenho a liberdade para desenhar diretamente na tela e ver os traços dos desenhos e ilustrações com total controle e gestualidade tão comum hoje em dia nos tablets e até smartphones.

Venho trabalhado nela de forma eficiente desde 2014 e recentemente construí meu segundo modelo que batizei de Cintica Mach2.

Buscar soluções criativas e eficientes são condições que procuro desenvolver no meu dia a dia ao produzir ilustrações comerciais pois tenho que pensar possibilidades visuais para diferentes cientes, projetos e necessidades.

Claro que fatores como estar aberto para sugestões e opções alternativas, não levar suas opiniões tão a sério, não discriminar ideias quanto à sua origem ou sua utilização e aumentar a proficiência no seu trabalho também são algumas das condições que te permitem explorar com liberdade as diversas situações que surgem para produzir ações criativas ou obter resultados criativos.

Basicamente para produzir ilustrações comerciais com criatividade procuro eliminar dos meus hábitos a arrogância intelectual, a dependência de técnicas ou estilos artísticos e enxergar os temas de meu trabalho de forma a perceber o máximo de opções que podem ser usadas e principalmente dando atenção àquelas sugeridas ou solicitadas pelo cliente.

A ilustração é um meio para potencializar a informação e o nível dessa eficiência pode ser realizado de diversas maneiras e cabe ao ilustrador testar visualmente o máximo de opções desde que se enquadrem em dois importantíssimos fatores que são o Prazo e o Orçamento aprovado.

Não só para a ilustração comercial mas também para os diferentes momentos do cotidiano busco diferentes maneiras para me manter criativo como praticar os fundamentos de arte sempre que possível, consumir informação áudio visual de todos os setores e segmentos, tentar ler o máximo que puder de quadrinhos à livros( audiolivros entram na lista), procurar conhecer as características das técnicas e/ou estilos variados, entender como outros profissionais desenvolvem seu trabalho…mas não é regra e não é tudo de uma vez, apenas uso essa base para manter a mente sempre curiosa.

A consequência dessas ações é o surgimento de uma facilidade para a execução de tarefas que acaba deixando minha mente mais tranquila, calma e ágil para pensar em possibilidades e soluções para os projetos ao invés de ficar preocupado com as etapas de sua execução.

A limitação de recursos impulsiona ações criativas

E é agora que essa postagem vai realmente começar!

O genial e saudoso guitarrista holandês Edward Van Halen foi, além de um extraordinário e influente músico, uma mente criativa focada no aprimoramento da performance do instrumento para melhor expressar o nível que sua música exigia.

Essa criatividade musical misturada à sua engenhosidade prática foi testada, praticada e apresentada por ele através de seus trabalhos na sua banda gerando ideias tão revolucionárias que impulsionaram mundialmente a indústria musical.

Dentre suas inúmeras inovações existe uma que chamou muito minha atenção e que merece ser descrita por ter sido tão criativa, simples e eficiente e tendo como principal item de seu “laboratório caseiro” o uso da lata de café da marca Yubam.

Guisado de captadores

Imagine um jovem músico talentosíssimo em meados da década de 70 do séc. XX e que, por falta de recursos, vai adaptando partes de diferentes guitarras para aos poucos ir definindo a construção de um modelo que atendesse suas exigências artísticas, técnicas e musicais para soar aos seus ouvidos como realmente deveria ser.

Segundo o próprio Edward, várias guitarras vintage – antigas e feitas com madeira e acabamento de qualidade – foram destruídas por ele para que as peças aproveitadas fossem intercambiadas na construção do tal modelo ideal.

Umas das coisas que já sabia e o incomodavam muito eram as frequentes microfonias que ocorriam nos momentos em que o instrumento ficava próximo dos amplificadores durante seu uso.

Uma das partes características da guitarra são os captadores que basicamente são pequenos ímãs envoltos em bobinas de fios de cobre e de alguma forma passou na sua cabeça o raciocínio de que a distorção  devia ser acontecer em consequência de algumas espiras das bobinas estarem vibrando e gerando a microfonia .

Pensou um pouco mais e tomou uma das mais criativas ações para sanar o problema que até aquele momento era proveniente de uma causa teórica.

Utilizando uma das latas de café da marca Yuban de sua mãe a levou ao fogo onde começou a derreter parafina e no momento em que ela estivesse líquida introduziria os captadores para ficarem totalmente envolvidos pelo produto derretido e após retirados da lata a parafina estaria totalmente aderida às bobinas e mantendo-as no lugar.

Na prática porém, percebeu que tinha que acertar o tempo de permanência dos captadores naquela solução derretida pois partes deles eram de plástico e começavam a deformar-se com o calor o que o fez destruir vários componentes enquanto tentava descobrir o tempo certo de execução daquele procedimento para que os finíssimos fios que compunham as bobinas ficassem preenchidas com o máximo de parafina.

Porém, a partir do momento em que acertou o tempo de permanência e testou os captadores parafinados foi brindado com o fim das microfonias, sua teoria estava provada, aprovada e dera tão certo que esse conceito logo foi utilizado por vários músicos e posteriormente por vários fabricantes de guitarras elétricas.

Essa e outras histórias de seu gênio inventivo podem ser conferidos em um vídeo no you tube, link abaixo, onde um dos comentários dito por ele é que uma das forças motrizes para sua busca do som desejado tanto para sua guitarra quanto sua música foi a falta de recursos para comprar equipamentos que muitos dos seus ídolos tinham.

Improviso, foco na busca de resultados desejados, liberdade no uso e aprimoramento de materiais a partir de variadas ideias e é claro um talento musical absurdo e amar muito o que fazia potencializando tudo isso para torna-lo ícone mundial na música por décadas.

A todo momento usamos até sem perceber a criatividade para solucionar problema do dia a dia.

Deixe nos comentários abaixo qual foi o momento criativo que você lembra de ter feito e que o faz lembrar com orgulho.

Obrigado pela leitura e Sucesso para você!!



No Comments

Post a Comment