Duas rodas na garagem e uma ideia na cabeça
Uma das formas que uso para manter a consciência de que podemos usar nosso poder cognitivo para proporcionar melhorias em nossa sociedade e meio ambiente é pensar em nossa genialidade de aplicar ações criativas em diversas situações sejam para a produção, preservação, melhora da condição de vida – de diversos seres – ou na simples e eficaz habilidade de ensinar e que nos permite transformar capacidades em habilidades.
Uma das habilidades que não canso de propagar é a da prática constante dos fundamentos artísticos, independente de sua intensidade, pois isso se mostrará totalmente relevante para potencializar soluções criativas principalmente se você pretende trabalhar comercialmente com arte em especial se for a ilustração comercial.
Dito isso, é agora que essa postagem vai começar pois vou falar sobre um dos gênios que já passaram por essa existência e que foi criador de uma das mais icônicas, eficientes e criativas motos de competição já feitas no século XX, seu nome era John Britten.
Tudo começou quando, competindo com suas motos, ele perdeu para as oponentes Ducatti na famosa Daytona International Speedway’s Daytona Bike Week na Flórida-USA, ficando em segundo lugar e assim, de forma resoluta, decidiu construir um modelo de moto totalmente nova para, no ano seguinte, voltar e vencer as oponentes com sua criação, a V1000 Britten.
Usar os princípios básicos para criar ao invés de copiar o que já existe era o método de John Britten, um engenheiro e artista neozelandês que foi a prova viva de que é possível para um engenheiro deixar de pensar quadrado.
O desenvolvimento de sua motocicleta seguiria basicamente três fatores que direcionariam toda a criação e produção do novo veículo de competição e que seriam leveza, força e aderência.
Como fizeram os grandes criadores em nossa história contemporânea ele também desenvolveu seu modelo revolucionário na garagem de sua residência e contando muitas vezes com a ajuda de amigos entusiastas que acreditavam na engenhosidade e potencial criativo do amigo e de seu projeto.
O conceito para desenvolver uma moto, independente de qual seja, baseia-se na necessidade de criar algo que ocupará o espaço entre as duas rodas, que fará a conexão entre ambas e para o qual propósito será construída pois uma moto de rua difere-se de uma de competição em muitos aspectos e a futura V1000 Britten foi desenvolvida com foco em performance a partir da construção e disposição de componentes únicos e específicos além do uso dos materiais inovadores como a fibra de carbono.
Durante a construção do seu protótipo ele fez uso de estrutura de arame que ia sendo modelada minunciosamente para criar o aspecto tridimensional e em tamanho real do que viria a ser seu modelo revolucionário.
Isso me faz lembrar que tanto para o desenho artístico quanto para a ilustração comercial não deve-se menosprezar a prática de iniciar suas artes a partir de uma estrutura construída tanto por linhas auxiliares quanto por formas primitivas para compor as bases de seu desenho ou de seus projetos visuais.
Assim como o genial Edward Van Halen desenvolveu aspectos novos em sua guitarra a partir de suas necessidades e objetivos, conforme comento na postagem “Edward Van Halen e a lata de café” o neo zelandes Jon Britten focou nos objetivos de desempenho baseado nos fatores comentados anteriormente e que foram obtidos respectivamente através de uso materiais compostos como fibra de carbono e de um design baseado nos conceitos aerodinâmicos similares aos usado na formula 1 para garantir maior aderência ao solo.
Sua V1000 Britten foi um exemplo de criatividade que deixou os produtores e desenvolvedores americanos , europeus e japoneses de queixo caído frente às diversas inovações aplicadas e componentes que executou e sendo muitas deles construídos a mão por Jon Britten.
Existe um documentário incrível intitulado “Britten V1000 story” que acompanha os passos de John no desenvolvimento de sua moto e relata as vitórias e recordes que seu modelo obteve além de mostrar momentos criativos na construção do protótipo como o tratamento térmico feito utilizando-se o forno de cerâmica de sua esposa e água de piscina.
John Britten morreu em 05 de setembro de 1995 aos 43 anos vítima de um câncer mas seu legado criativo ainda é vívido e contínua impulsionando profissionais da indústria para as muitas possibilidades que podem ser exploradas para o pequeno espaço existente entre duas rodas.
Deixe nos comentários se já conhecia a moto de John Britten ou se tem algum modelo em especial que sempre chamou sua atenção tanto por desempenho quanto por design.
Obrigado pela leitura e Sucesso para você!!