Aumente sua perspectiva
Sugestão rápida: não importa que tipo de arte visual você pretende desenvolver, seja do desenho ao grafite de rua, procure manter um convívio diário com os fundamentos artísticos de forma teórica, intelectual, virtual , sensorial e todos os “al” disponíveis…procure viver os fundamentos.
Sim, parece uma introdução estranha e autoritária para essa postagem mas pense que seria uma forma mais objetiva de dizer que quanto mais você vivenciar no seu dia a dia os efeitos , manifestações e empregabilidade dos fundamentos muito mais fácil será o de fazer uso deles no momento necessário , como por exemplo, na ilustração comercial.
Tenho o hábito de tentar, a todo momento, ficar atento à disposição dos elementos – próximos a mim ou a distância na paisagem – para trabalhar minha percepção ora para notar suas interações, sejam elas estáticas ou dinâmicas, ora para perceber seu peso visual em proporção à outros e verificando como suas linhas, ao longo de seu tamanho, são afetadas pelo fundamento da perspectiva.
Não vejo a perspectiva apenas como a distorção ou convergência das linhas que as formas apresentam conforme se distanciam do observador mas como ela também afeta outros fundamentos que estão presentes no tema observado.
È como se existisse uma espécie de sinergia entre luz, sombra, visibilidade e contraste que aumentam minha experiência sensorial e que, aplicada à ilustração comercial, me permitirão oferecer um realismo muito mais convincente com a arte produzida.
Gosto , durante minhas observações, de fazer uma espécie de treino para minhas percepções do ambiente, por exemplo, ao ver uma sequência de motos estacionadas ao longo da lateral de uma calçada procuro perceber no agrupamento alguma que me chama a atenção para desenhar e qual posição está na distância dentro da ilusão de ótica que a perspectiva cria.
Essa é uma das características de nossos sentidos em que podemos selecionar o que interessa em meio ao turbilhão de informações que ocorrem ao mesmo tempo e que é uma capacidade difícil de obter dos equivalentes protéticos, como os aparelhos auditivos, que entregam ao cérebro tudo ao mesmo tempo sem isolar o que se quer dar a respectiva atenção e criando uma certa confusão para ser interpretada.
Talvez não seja nominada dessa forma mas a perspectiva é uma ilusão que pode ser plenamente representada através das artes visuais tanto de forma realista quanto estilizada.
Nos filmes – uma de minhas referências visuais preferidas para estudar o uso criativo dos fundamentos – nota-se como a perspectiva é apresentada de diversas formas, seja através de linhas distorcidas naturalmente em direção ao horizonte ou pela simples desfoque dos temas que saltam para o foco da atenção ao longo da exibição da cena.
A perspectiva é percebida naturalmente na maioria dos casos mas existem publicações médicas que relatam pessoas que depois de anos sem visão sentem dificuldade em percebê-la após cirurgias e tratamentos especiais que as fazem ver novamente; elas levam um tempo para entender que tudo o que estão vendo não estão dispostos simultaneamente próximos a ela mas em distâncias no ambiente, como se estivessem em camadas e em diferentes posições que serão percebidas e chamadas de volume e/ou profundidade.
Ao longo de nossa vida vamos aprendendo a entender e perceber o mundo e em consequência desenvolvemos uma inteligência visual que nos ajudará a ver nas convergências dos planos a ilusão da perspectiva que garantirá maior amplitude espacial dos ambientes e dos elementos ao nosso redor.
Nos audiovisuais, a fotografia deve oferecer sensações correspondentes à proposta da trama para potencializar sensações e em vários momentos somos levados a acreditar nas intensidades sugeridas onde , através de diversos artifícios, o diretor de fotografia muitas vezes na mesma cena fa uso da perspectiva, por exemplo, nos apresentando a grandeza do ambiente onde os personagens estão interagindo próximo de enormes edificações que margeiam os arredores para criar um efeito claustrofóbico ou de impotência, ou nas ficções com naves viajando a grande velocidade em espaços compridos e labirínticos mas com a perspectiva potencializando a ação pela profundidade gerada.
Outros recursos de filmagem jogam a percepção, ora para o primeiro plano ora para o segundo apenas com o uso de inteligentes desfoques de câmera como comentado na postagem “Ataque das silhouetas”.
Em outras situações a mínima quantidade de elementos pode ser usada para criar profundidade de maneira inteligente como em cenas do filme Matrix em que o personagem Morpheu apresenta uma sala branca onte temos nítida nocao de perspectiva com o uso quase inexistente de elementos para guiar nossa atenção.
Nossa realidade é construída em nosso cérebro e talvez essa seja a razão de ser tão fácil enganá-lo, por exemplo, quando representamos imagens de paisagens ou retratos sobre superfícies bidimensionais que graças à manipulação dos fundamentos de formas eficientes criamos um ambiente imersivo para que realmente vejamos a profundidade de uma paisagem ou a grandeza de um edício mesmo que estes estejam em um espaço de poucos centímetros quadrados de área.
Acredito que você percebe a perspectiva à sua volta mas deixe abaixo nos comentários se consegue representá-la no papel ou se ainda sente dificuldades em fazê-la?
Obrigado pela leitura e Sucesso para você!!