Mea culpa!
Deixe-me compartilhar um ocorrido com você, leitor deste post.
Tem uma cena muito simbólica para mim no filme OS INTOCÁVEIS, do Brian De Palma , onde Eliot Ness, interpretado por Kevin Costner, fixa num quadro de aviso na parede atrás de sua mesa uma manchete recortada de um jornal que indica o fracasso que foi a iniciativa policial que ele coordenou.
Com essa imagem na cabeça quero fazer da ilustração que encabeça esse post a lembrança e o alerta para uma recente falha no desempenho profissional que cometi ao trabalhar junto a um cliente. A arte número 1 é como deveria ter sido entregue e a arte número 2 foi como entreguei.
Trabalho profissionalmente desde 1991 e de lá para cá momentos críticos aconteceram e sempre serviram de reforço positivo – as vezes nem sempre – para buscar melhorar minha performance na arte de fazer ilustrações comerciais.
Mas errar especificamente nesse recente trabalho mostrou-se muito mais preocupante devido às pessoas envolvidas.
Após o choque inicial que a notícia me causou eu passei a analisar de forma bem criteriosa para identificar o que poderia ter sido a causa dessa falha justamente para evitar que ocorra novamente.
Sou muito perfeccionista e mesmo relutando inicialmente em aceitar que cometi falta de atenção (!) nesse projeto e que resultou em um trabalho com qualidade abaixo do usual eu consegui listar as causas gerais do ocorrido.
Posso dizer que seriam elas a pressa para produzir a arte, estar desenvolvendo trabalhos paralelos ao mesmo tempo e a pior de todas e que potencializou tudo isso, a soberba. Essa última é como o glaucoma que tenho e que vai sorrateira e silenciosamente se instalando até se fazer presente proporcionando a falsa segurança de que era só fazer a arte e entregar pois é claro que estaria bem feita.
Pois é, houve uma cegueira total de minha parte!
Ciente da crítica tempos depois e somente após analisar essas condições é que fui perceber que aquele trabalho( um conjunto de 04 artes!) foi entregue totalmente comprometido.
Quando trabalhamos como funcionário de uma empresa raramente haverá uma demissão por falta de atenção, a não ser que esse comportamento seja constante.
Porém, quando se trabalha prestando serviços a possibilidade de ocorrência de um erro pode ser fatal por poder abalar a confiança junto à clientela que você lutou para conseguir ao longo do tempo.
O goleiro pode pegar todos os chutes em um campeonato mas se falhar em uma decisão corre o risco de além de dar adeus à taça também o de ser dispensado pelo clube do coração.
Após um 7 a 1 que sofri, continuando com analogia futebolística, a única forma de sobreviver à derrota é reforçar o foco na melhora das técnicas de produção que envolvem análise correta do briefing do cliente, do respeito total ao prazo necessário para a produção da arte , na dedicação em providenciar eventuais correções ou ajustes que o cliente venha a solicitar, policiar a soberba para evitar o menosprezo para o tipo de trabalho que é solicitado por achar que ele está abaixo das suas habilidades , sempre fazer a checagem do resultado final usando meu senso crítico e baseado nos comentários do cliente, ou seja, fazer(!!) o BÁSICO necessário durante a produção de qualquer arte comercial.
Ou seja, continuar os procedimentos que sempre fiz ao longo dos anos e que garantiram longevidade da minha carreira profissional.
Assim como Eliot Ness que mostrou para todo o departamento de polícia que ele estava ciente do erro cometido e que iria trabalhar ainda mais focado para melhorar os resultados eu quero usar esse post também como meu aviso pessoal para o trabalho diário que desenvolvo para evitar futuros erros como o ocorrido e é claro que se esse material puder servir de informação útil para outros ilustradores então será um bônus.