Influenciado pelo Conan
Impacto visual que ajudou na escolha da ilustração como vertente artística.
Conheci o personagem Conan o Bárbaro na década de 80 em uma revista em quadrinhos.
Mais precisamente foi a imagem do pôster do filme que aparecia na capa daquela revista que me saltou aos olhos pois era uma pintura mas muito realista.
Tempos depois soube que aquela era a arte de um fantástico ilustrador responsável por inúmeros pôsteres ilustrados, o artista Renato Casaro para o qual ainda quero fazer um vídeo sobre sua arte e sua influência na ilustração.
Além da imponente arte havia, na contracapa eu acho, a foto de divulgação do filme com um homem musculoso segurando uma espada intimidante ao lado de outras pessoas também fazendo pose.
Era o tal Arnold Schwarzennegger.
Não comprei a revista mas fiquei com as imagens na cabeça imaginando as batalhas e combates que deveriam envolver a história.
Eu acabei assistindo ao filme primeiro – e gostei muito – antes de começar a ler os quadrinhos do personagem.
Tempos depois assisti ao segundo filme, “Conan o destruidor” e isso incentivou minha busca por mais quadrinhos e mais informações sobre as histórias do tal cimério.
Foi então que conheci a revista Espada Selvagem de Conan que explodiu minha cabeça com tanta ação e aventura mas principalmente com tantas artes diferentes do padrão de quadrinhos que conhecia.
As capas dessa coleção tinham um nível de ilustração que eu jamais tinha visto e as histórias com artes em preto e branco me deixaram impressionado pois Conan não era um selvagem de poucas falas, como mostrado nos filmes, mas um guerreiro articulado, inteligente e estrategista.
De certa forma e à sua maneira ele zelava pela justiça mas era insano e sanguinário quando provocado.
Nossa, que história em quadrinhos incrível de se ler!
Ah, e tive um bônus nessa mesma revista que li fora da ordem da coleção, era a de número 102, pois essa publicação tinha a capa feita pelo genial artista Bill Sienkwicks – na real só fui conhecer mesmo seu trabalho na revista em quadrinhos Elektra Assassina com ilustrações impressionantes e esse ilustrador também merecerá um vídeo sobre seu trabalho.
A arte dessa capa era uma ilustração muito realista. Mas isso é que era incrível nessa coleção: todas as capas eram verdadeiras obras de arte produzidas por diferentes artistas.
As páginas, compostas de artes a traço sem cor eram muito detalhadas e com forte contraste.
Para as variações de sombra e de tons era utilizado muita aplicação de reticulas com tons e texturas variados.
Vários artistas assinavam a produção mas na grande maioria das vezes os desenhos ficavam a cargo do artista John Buscema e a arte final era delegada para outros profissionais.
E foram os traços a nanquim do artista Tony de Zuniga nas edições 40 e 42 que realmente me impressionaram e me tornaram fã de sua técnica.
Esse artista tinha uma representação da anatomia feminina simplesmente linda e seus traços não tinham excessos e eram muito gestuais.
Pra mim ele estava no mesmo nível em termos de anatomia que o italiano Serpieri, criador e artista da série Druuna.
Tony di Zuniga fazia parecer fácil a técnica de desenhar mulheres. Foi um dos motivos que reforçaram minha vontade de trabalhar com ilustração.
Não me senti tentado a fazer quadrinhos mas sim em usar a arte como forma de ganhar a vida.
Basicamente as revistas do Conan eram um ótimo exemplo de referência visual para anatomia humana com personagens em diversas poses. Visualmente aprendi muito em termos de desenhar a dinâmica de poses estáticas e as de movimento.
Eu procurava “ler” as linhas desenhadas pelos artistas da revista para traduzir em desenhos que fazia ao copiá-los a exaustão em qualquer folha que estivesse a disposição.
Tempos depois, incentivado pela necessidade de apurar a técnica de desenhar principalmente a anatomia humana, resolvi estudar ilustração e design na escola Panamericana de Arte onde durante uma das aulas sobre técnicas de pintura fiz a representação de uma cena de Conan.
A técnica usada foi guache sobre papel canson e na inocência de meu aprendizado quis fazer o mais real possível.
O interessante é que durante a produção da arte eu ia imaginando que incrível seria vê-la sendo realmente uma capa da série Espada Selvagem de Conan.
Nossa, isso seria demais!
Usei muito essa coleção de poucas revistas que tinha como referência para estudar e aprimorar o equilíbrio visual para meus desenhos.
Faz tempo que a coleção foi cancelada no Brasil e tempos atrás surgiram informações que haveria um relançamento mas até o moento que escrevo este post nada foi decidido.
Muita coisa pode ser encontrada online mas a memória afetiva sempre vem à tona quando o assunto é Conan o bárbaro.
Quanto àquela antiga arte que fiz nos tempos de aulas de ilustração posso hoje – graças à facilidade da tecnologia – abusar da manipulação digital de imagens e fazer uma montagem com a arte daquele estudante para simular uma capa da revista A espada Selvagem de Conan versão americana.
E não é que ficou legal?